domingo, 11 de março de 2007

Zeca

Fazendo uma viragem brusca no estilo e no espaço mas não no tempo, chegamos ao Portugal dos anos 70, época de política complicada, mas também época de revolução e das importantes cantigas de intervenção.

Desta época surgem nomes como Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire ou Fausto, mas sobressai um nome que é sinónimo de Revolução, um nome que é sinónimo de Liberdade, o nome de Zeca Afonso.

Hoje trago-vos "A Morte Saiu À Rua", verdadeira canção de intervenção, dedicada ao pintor
José Dias Coelho (assassinado pela Pide em 1961, na Rua Lusíadas, em plena cidade de Lisboa) em versão de Vitorino e Janita Salomé, no seu disco de tributo a José Afonso, "Utopia".



"A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação."

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